domingo, 26 de outubro de 2008

Do debate no Orkut

Democracia se faz pendendo para um lado sim. Porque para o outro lado outros vão pender. E assim é o jogo da democracia. Todo mundo com liberdade para acusar e se defender, sem ter cerceado o direito de livre expressão.
Nos jornais dessa semana a borboleta informou que estava fazendo um tour para estudar modelos de gestão que poderiam ser adequadas à prefeitura de Natal.
Sobre as suas propostas, jamais vi nenhuma. Sua eleição não foi construída em cima delas, mas em cima do discurso. E do preconceito. Pablo Capistrano foi preciso cirurgicamente quando analisou o discurso da Borboleta de se afirmar Mãe e Mulher, porque essa afirmação sempre fortaleceu o preconceito contra a orientação sexual de Fátima.
Outro ponto discursivo importante foi o batismo da aliança de acordão. Acordão carrega uma carga pejorativa que não houve quem pudesse arrancar. Nisso o JH e as tevês que apoiaram a borboleta foram forte contribuintes. Chegou ao ponto que aquela esquizofrenia eleitoral da Borboleta aumentava ainda mais a confusão. Afinal, ela repetiu tanto que era da base do governo Lula e do governo Vilma que eu e os demais eleitores não conseguíamos entender quando ela se colocava derrotando os poderosos - dos quais dois ela se declarava apoiadora.
Jamais vi nenhuma proposta dela. Compulsivamente procurava no seu site, todos os dias, uma vez que morava em Salvador, qualquer proposta, programa ou projeto de governo. Não havia uma linha que falasse disso. A despolitização do site era tão grande que sua última enquete perguntava o que leitor tinha mais gostado na campanha de Borboleta: Programa na Tevê, Caminhadas, Comícios? E as propostas? Duvido que alguém consiga repetir uma.
A ênfase na estética foi tão grande que o fotógrafo foi J.R.Duran.
Acusou Carlos Eduardo por politizar a escolha dos secretários. Não é verdade. O grande mérito do prefeito foi a escolha de técnicos para o secretariado. Todos com ligações partidárias, é verdade. Mas algo bem diferente do que está sendo noticiado hoje em dia sobre a escolha dos secretários da borboleta.
Por exemplo, Cida França tem toda uma formação acadêmica e profissional em saúde pública. O cotado para ser secretário de saúde do município é um médico mais conhecido pelo seu sucesso como empresário. Mas isso combina com as declarações da prefeita eleita de que a gestão pública tem que ser pensada como a gestão empresarial. Que ledo engano. Os princípios de uma coisa e de outra são fundamental e profundamente diferentes. Mas é claro que Borboleta, com os compromissos assumidos junto aos setores empresariais de Natal e do Brasil, vai imprimir um perfil de gestão afavorante daqueles que Marcos Aurélio já disse defender o interesse. O povo vai ser apenas um detalhe. Afinal esse é o modus operandi da política de José Agripino.
Sobre os demos. Bem, ninguém representa melhor a direita reacionária desse país do que os demos. Ou você vai querer que eu explique porque não posso ser a favor de José Agripino, Jorge Bonhaussen, César Maia ou ACM Neto? Esses fizeram carreira política ou mandando calar ou mandando matar seus adversários. Afinal, são os herdeiros diretos de quem sempre mandou e fez mal ao país, especialmente nos 21 anos de ditadura. A resposta perfeita a Zé Agripino foi dada por Dilma naquele depoimento no Senado, do qual Jajá ainda deve ter vergonha de falar. Enquanto meu pai era torturado pela ditadura apoiada por Carlos Alberto de Sousa e José Agripino, esse povo fez fortuna.
Aliás, a família proprietária do terreno onde funciona a tevê Ponta Negra nunca viu a cor do dinheiro pelo pagamento.
Sobre Marcos Aurélio.
Já disse tudo. Eu não devo nada a Marcos, nem ele me deve nada. A não ser que eu queira cobrar o conteúdo de suas aulas que nunca existiu.
O que pesou contra ele foi que manteve como colunistas gente que estava fazendo a campanha da prefeita eleita. Sabe Rodrigo Levino, por exemplo? Nunca mais havia publicado nada, depois que foi para a campanha de Fátima. Esse é um comportamento ético, que faltou ali.
Mas isso não foi mais importante. O problema de Marcos e do JH é que ele piorou a emenda quando tentou consertar o soneto. A dificuldade original era apoiar uma candidata sem deixar isso explícito em editorial. Sem explicar os seus motivos. Isso nós criticamos no JH e em todos os outros veículos. Que ao menos tiveram um equilíbrio um pouco maior. Morresse aí a história. Mas o JH passou a vender opinião como se fosse notícia. Um delito ético em qualquer país sério do mundo. E isso se agrava porque o seu proprietário é o sujeito que há 33 anos ensina ética aos futuros jornalistas da cidade. Você consegue vê que só isso já é motivo suficiente para as críticas contra Marcos?
No entanto ele ainda piorou a situação fazendo duas coisas. Se defendeu denegrindo a credibilidade dos acusadores, politizando uma questão que não era política - porque estamos discutindo também a ética jornalística na cobertura do Caso Eloá ou de como o JH tratou o estudante Diego morto esta semana pela PM. E se defendeu denegrindo a imagem da UFRN, melhor universidade do nordeste. No debate do Grandes Temas, as posições de Alex Galeno e de Josimey Costa foram de cientistas sociais que ambos são, além de jornalistas. Foram profundas, fundamentadas em pesquisa empírica e teórica. As defesas de Marcos foram baseadas no puro achismo. E as intervenções de Tácito e Sérgio foram adequadas a dois pensantes e críticos jornalistas. Por exemplo: Sérgio quis trazer a discussão sobre ética para outros temas, como os salários. Mas Marcos não queria discutir ética. Queria atacar.
A reação dele nas páginas de seus jornais, acompanhado de gente como Jânio Vidal, foi totalmente desproporcional e diferente de sua postura pessoal no debate. Ele foi um gentleman democrático na tevê e um reacionário ditadorial especialmente no Editorial que publicou. Adotou a postura de que ninguém tem o direito de questionar seu trabalho e suas posições ideológicas. Atitude típica da direita reacionário que nos leva a achar que é com justeza que chamamos os partidários de José Agripino de demos.
Só para deixar claro. Já fiz as críticas que tinha contra a cobertura dos outros jornais e veículos. Mas nenhum deles é capitaneado pelo professor de ética da UFRN nem usou da desqualificação para responder os seus críticos.

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